terça-feira, 8 de novembro de 2011

Respondendo cartinhas durante a TPM

Todos os meus (3) leitores sabem que estou fazendo faculdade de novo, né? Pois então, em setembro recebi uma cartinha da minha querida faculdade reclamando que, no meu histórico, o RG estava errado, e que era pra eu ir até a escola onde fiz o ensino médio e mandar corrigirem.
Seria tudo mui lindo, se eu não tivesse feito o ensino médio a 300km de onde moro, e se não tivesse uma explicação bem plausível para o "erro". Acontece que quando fiz o ensino médio, tinha a primeira via do RG, que era assim: M-999999. Quando tirei a segunda via, ficou assim: MG-999999. Ou seja, o número ficou exatamente igual, só que sei lá por que cargas d'água o povo resolveu acrescentar uma letra na bagaça, causando todo um rebuliço no departamento de matrícula da referida faculdade, que alegou que assim não pode, assim não dá.
Depois de ligar pro departamento e explicar a situação, a burocratazinha padrão disse que eu teria que enviar o histórico corrigido ou uma cópia do antigo RG. Imagina se iam aceitar esta gravíssima discrepância nos meus dados assim, sem um documentozinho que comprove! Graças a mim mesma, que sou muito organizada, eu tinha o velho RG e enviei a cópia.
Então ontem, estava eu feliz e contente assistindo Mulheres de Areia estudando, ni qui chega outra cartinha da faculdade. Palpitación, palpitación, será que é o meu comprovante de matrícula que solicitei há 23 anos? Rá! Pegadinha do malandro! Era outra cartinha, igual a anterior, solicitando que eu alterasse a minha naturalidade e acrescentasse os dados de quem assinou o histórico pelo diretor do colégio.
Mas vejam vocês três, leitores, que a minha naturalidade é uma pequena e aprazível cidade chamada PIUMHI. É assim mesmo que escreve, com M. Mas isso deve ter dado quase um ataque epiléptico na burocrata do departamento de matrícula, porque ela me mandou corrigir a naturalidade para PIUNHI, vejam vocês! Imagine a renomada faculdade federal do triângulo mineiro aceitar que exista uma cidade com nome de tão original grafia... Inadmissível!
E reparem em mais uma coisa: porque ca*alhos a criatura não mandou estas solicitações todas numa carta só??? Eles não conseguem avaliar um histórico, anotar TODOS os erros, e enviar numa carta só pro aluno? Há algum protocolo que obrigue o funcionário a enviar uma carta por cada item errado? Nesse caso, a segunda carta contem dois itens, preciso então esperar ela mandar uma terceira? São muitos questionamentos e indagações na vida da pessoua...
Mas enfim, eu, no auge da tpm, sem nenhum chocolate num raio de 300m, resolvi me divertir respondendo a cartinha, num lindo email que copio aqui para vocês:

"Caros funcionários do Depto de Matrícula da renomada universidade federal localizada no triângulo mineiro,
Recebi hoje, mais uma vez, meu histórico escolar, para que fossem corrigidos alguns dados.
Da primeira vez, era um problema gravíssimo, que poderia manchar para sempre o nome da Universidade e cobri-la de vergonha por todos os séculos vindouros: uma letra que faltava no meu RG. Esclareci por telefone o erro, mas obviamente não bastou, tive que enviar documento comprovando para alimentar a burocracia, afinal, como a esta faculdade poderia explicar que faltava uma letra no RG de um aluno sem um documento mostrando o fato, para engordar a pastinha do aluno? Inadmissível! Não importa se o que importa no RG são os números, e estes estivesse rigorosamente corretos, a falta de uma letra é algo realmente inaceitável.
Mas eis que recebo hoje, de novo meu histórico, desta vez com duas solicitações novas (que misteriosamente não foram notadas na primeira vez - imagino que os burocratas só consigam analisar um item de cada vez, pra não sobrecarregar o "sistema"):
1-que corrijam a minha naturalidade, que está grafada como PIUMHI, e o esperto burocrata quer que mude para PIUNHI. Se o brilhante funcionário soubesse fazer uma sinapse, teria percebido que no RG está escrito PIUMHI (e olha só, a Policia Civil que escreveu, hein?), se soubesse fazer alguns pares de sinapse, teria digitado PIUMHI no Google e teria encontrado o site da Prefeitura de PIUMHI, teria encontrado na wikipedia o verbete PIUMHI, teria até ficado sabendo da Exposição Agropecuária de PIUMHI. Será que nem a própria Prefeitura sabe escrever o nome correto da cidade? Ou será que nosso sábio burocrata ficou com preguiça de fazer sinapses e tascou uma cartinha pro aluno? Bem mais fácil, né? Afinal, alunos são burros, estão sempre errados. Esperto é o burocrata, que passou num concurso e recebe o salarinho todo mês, independente das burradas que faça no serviço. Mas desta vez, infelizmente, o burocrata se deu mal, pois a grafia está correta, da forma que consta no histórico. Então, a menos que o gênio burocrata da queira enviar ofício para o Governo de MG solicitando a alteração da grafia do nome da cidade de PIUMHI, não há nada que ser corrigido. E fica a dica para, da próxima vez, usar o Google, para não onerar os cofres públicos com o envio de correspondência inútil, motivada pela falta de conhecimento geral dos servidores.
2-que constem os dados de quem assina pelo diretor do colégio. Entendo que seja necessário (não imprescindível), mas por que isso não foi mencionado antes??? Vocês já tinham questionado dados do meu histórico, eu enviei a correção, e agora vocês inventam mais um problema, para que eu envie de novo, e aí vocês vão inventar outro problema, e assim por diante.
Quero saber EXATAMENTE o que deve constar no meu histórico, para eu enviar de uma vez por todas, pois como eu já disse, a escola que estudei fica a mais de 300km de onde moro, e não posso ficar indo lá ao gosto da burocracia de vocês. Se vocês não tem o menor pudor em gastar o dinheiro do estado com burocracias inúteis, eu tenho em gastar o meu, e não vou enviar NADA até que vocês digam o que e como é preciso constar no meu histórico. Ah, e quanto a grafia de PIUMHI, enviem cartinha pro Governo de MG. Assim que ele resolver alterar o nome da cidade, vocês me avisam.

Atenciosamente,


L.T."


De modos que agora, além dos meus documentos, deve haver uma galinha preta, dois chicletes mastigados, meleca endurecida  e um sapo com meu nome dentro da boca na minha pastinha da faculdade. Além, é claro, de estarem enlouquecidos procurando por uma crase colocada incorretamente em toda a minha documentação, para enviar mais cartinhas pedindo correção.


*Update: corrigindo um equívoco, conforme solicitado pelo Wesley nos comentários, são QUATRO os meus leitores agora! Yey!! Adsense, me aguarde!

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Desencanto

Você está se sentindo sozinho, precisando de consolo e de conforto? Abra um livro.
Ele não vai julgá-lo. Não vai apontar todos os seus erros. Não vai se importar se você não corresponde a um ideal de comportamento. Você nunca verá censura no olhar de um livro. Ele nao vai tratá-lo melhor após um aumento de salário. Nem pior. Um livro jamais se importará por você não ter sido eleito o fucionário do mês. Ou a garota do Fantástico. Você não vai ser considerado muito gordo para ler um livro. Um livro jamais terá que desligar porque precisa buscar a roupa na lavanderia. Um livro nunca lhe dirá que faz isso para o seu próprio bem. Ele não vai olhar feio para o seu esmalte descascando. Ele não vai sugerir que você alise o cabelo, ou que se vista melhor. Não há problema em procurar um livro se você estiver bêbado às 3 da manhã. Um livro não pergunta por que você fez isso. Ele não vai se  recusar a abrir suas páginas se você reclamar do seu conteúdo. Um livro nem mesmo se incomoda se você se preocupa com a paz mundial. Para um livro, tanto faz se você almoçou salmão ou miojo. Ou os dois. Um livro não muda seu status para ausente quando você fica on-line. Ele não é capaz de evitá-lo porque você está depressivo. Nem vai te mostrar todos os sapatos que comprou na liquidação. Um livro, qualquer livro, não vai querer saber quanto custou seu carro. Nem se ele tem banco de couro. Um livro não vai dizer que seu irmão sim é que deu certo na vida.
Um livro sempre está ali. Para você. Por você. Não importa em que situação, não importa o quanto você o tratou mal. Não importa o quão mal você foi tratado. Um livro jamais te deixará sozinho.
Os livros são assim. As pessoas não.

(Reading in a Red Dress, Helen Cooper - vi aqui)